Orfeu de Eurídice


O sol não cabe na moldura
Nem todas as cores da rua
que carrega a tua dor
E a dor é essa palavra escura,
amarga amargura do amargo amargor

Por que guardastes esse espinho
No colo do teu ninho, na boca de teu amor?
E o amor será essa sombra escura,
armadilha armadura da noite do amador?

Se a saudade é da saudade
da ausência que não tarda,
da manhã que não virou,
de toda presença que nos traga
fui a voz daquela sala,
canto do ouvido rouco que chorou




















Cordisburgo


Peguei a curva
Aquela para além
da reta que eu via duto

A curva para outras curvas
para a mandala da rosa além do Rosa
onde se perdeu a gota
 que guardava todo o sertão
  Para além do que me deu a volta
 indo
Para além do que me retornou
e enlaçou fugindo

No meu coração
 que se fez o nó,
  se abrindo e
con traindo

já fundam outra s idades
 tombam flores, erguem boulevares
derrubam saudades

Amar é pisar estrangeiro
 essas mesmas ruas
da nova cidade












China in box


"O amor
segue sereno
pelo bosque,
ou assustará
as mais
belas e raras
borboletas"