De fim e começo

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A onda finalmente chega à praia
que acreditava-se destruída

Indescritível, o sol que parecia partido
reergue luz sobre meu espanto cinza

O vaso vermelho-sangue, enfim, conclui seu pulso:
é par, é óbvio, e desmente os débeis sinais de estanco

O milagre tem seu nome
O milagre sou mesmo eu
O milagre não é milagre:
se desfez para que restasse
prova viva de que eu era o único
que não sabia,
que o mundo todo resistia (ao fim)

É que amor escurece a partida
como cega, à primeira vista
Agradeço este raro momento que
me abre as pupilas
Pois o amor nos cega é com a luz do dia

deve saber: com as mãos é que eu Lia
Luz do dia, luz eu Lia

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