Flores de nada

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Já havia algo de suspeito, sei
No dia em que não pude lhe entregar
as flores que lhe afagariam
a nossa primeira manhã seguinte

manhãs seguintes têm este poder
invencível
Arrastam milhares de pétalas
e cores para junto dos
corpos amantes

O primeiro buquê, apenas para minhas retinas.
O perfume só para o banco de meu carro.
Não pode. Não foi. Não.
Nunca imaginaria: um buquê
Sem o vaso das suas mãos.

Se já era suspeito,
por que sofro
com o último buquê?
Este da última manhã
das manhãs
das manhãs

As últimas manhãs têm este poder
invencível
de arrastar milhares de amantes
para junto da dor

Nunca imaginei: um buquê
sem o vaso das suas mãos.

Eis meu
ramalhete estanque
Amarrado pela base
amor represado
mar coalhado de
pétalas destroçadas
cor de nada
na memória

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