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...então eis que dás-me assim esse incêndio de tua foto queimando
joga-a nas minhas mãos já inflamadas, só pra veres escapando
entre inertes dedos flamejantes
a imagem
mandas perder e guardar
na memória
dentro daquela mesma gaveta em chamas
para te ter e não ter
para querer ter de tanto não
a queimar-me
acaso queres incendiar o ar?
inflamar a chama e o fogo com mais fogo queimar?
esqueces ou teces?
essa brasa marca minhas retinas que não ardem
muito além desse outro olho que a tela se faz
tão cego de tanta luz a que dá-se
(sim, tu sabes
mandar te perder assim
é só para ganhar-te)
então joga-me de vez todo esse álcool
acaba já esse vasilhame
que já odeio agora esse estado volátil
das não-coisas que ardem ou não ardem
e que não acesas desaparecem
em contato com o ar...
faz muito frio
quando estarmos aqui é não estares e não estar-me
então quero essa pira agora
até os limites do ares
queima-me
invoca-a com todas a forças
até esse frio que sobrará
até o fim
dos fins de todos os nomes do começo
até consumir-me ao estado mais bruto e real
- dentro dessa pedra negra há um diamante
cuja beleza indescritível
a luz
ainda não viu
como só um dia
viram minhas mãos
ele é sólido, reluzente
e funda-se no prazer
de se poder
pegar
você
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